Os ambientalistas fazem um "apelo à União Europeia (UE) para que não contrarie os seus objetivos ambiciosos de alcançar a neutralidade em carbono até 2050 e de redução de 55% até 2030, ao continuar a permitir a venda e instalação de novas caldeiras a gás".
O apelo foi feito em carta aberta enviada ao Vice-Presidente Executivo do Pacto Ecológico Europeu, Frans Timmermans , exigindo a eliminação progressiva da venda de novas caldeiras a combustível fóssil.
A reivindicação dos ambientalistas surge nas vésperas do Fórum de Consulta, a realizar a 27 e 28 de Setembro, onde técnicos representantes dos Estados Membros, da indústria e da sociedade civil irão discutir as propostas da Comissão Europeia de revisão do regulamento de conceção ecológica para os aparelhos de aquecimento ambiente e água.
Estimativas apontam para a existência de cerca de 129 milhões de caldeiras instaladas na União Europeia, sendo que 50% destas são muito ineficientes, classificadas com a classe de eficiência energética C ou inferior.
Um estudo, realizado em 2020, feito por especialistas da ECOS e da coolproducts, mostra que proibir, após 2025, a venda de novas caldeiras a combustível fóssil, permitirá reduzir em 110 milhões de toneladas as emissões anuais de CO2 até 2050, o que corresponde a quase dois terços da redução necessária no setor residencial e edifícios públicos para se alcançar a neutralidade carbónica até 2050.
Em Maio, a Agência Internacional de Energia recomendou a introdução de restrições a novas caldeiras a combustível fóssil, a partir de 2025.
Segundo a Quercus, sete Estados-Membros já têm uma estratégia para descarbonizar os seus sistemas de aquecimento - Suécia, Finlândia, Dinamarca, França, Áustria, Bélgica e Países Baixos – tendo já anunciado a eliminação progressiva destes aparelhos de aquecimento a combustíveis fósseis.
Portugal, adianta a organização ambientalista, "ainda não tem uma estratégia semelhante, embora haja o objetivo de reduzir a intensidade carbónica dos edifícios, aumentar a eficiência energética e substituir os combustíveis fósseis por fontes de energia renováveis, concentrando os programas de incentivos na eletrificação e em fontes de energia renováveis".
Mais de 80% dos aparelhos de aquecimento ambiente instalados na UE são alimentados a combustível fóssil.