Armando Vara pediu dispensa e não vai estar presente em tribunal para ser julgado
Antigo ministro será julgado por branqueamento de capitais.
Débora Carvalho e Correio da Manhã
16 de Junho de 2021 às 09:21
O antigo ministro Armando Vara, a cumprir pena de prisão no caso Face Oculta, beneficiou no dia 8 de Junho a saída precária da cadeia, e era para estar presente esta quarta-feira de manhã, no Campus de Justiça, Lisboa, onde se iniciava o julgamento por crime de branqueamento de capitais, mas pediu dispensa e só irá comparecer na próxima quarta-feira, para as alegações finais.
Esta quarta-feira são ouvidas dois inspetores tributários. O primeiro Paulo Silva, que coordenou alegado esquema para Armando Vara fazer chegar o dinheiro à Suiça.
Paulo Silva fala do alegado esquema para Armando Vara fazer chegar dinheiro à Suiça. Em causa está uma conta de uma sociedade na Suíça, titulada por Armando Vara e pela sua filha, Bárbara Vara.
"A primeira leitura do extrato não indicava depósitos em numerário. Mas depois percebeu-se que 20 lançamentos tinham origem em numerário", afirmou Paulo Silva, que explicou que Vara terá usado um sofisticado mecanismo para depositar dinheiro na Suíça, sem o dinheiro ser transportado fisicamente para aquele país. O ex-ministro recorrer a Michel Canals, gestor de fortunas Suíça, e Francisco Canas, conhecido por Zé das Medalhas, que já morreu, e tinha uma casa de câmbio em Lisboa.
Armando Vara, que foi administrador da Caixa Geral de Depósitos (CGD), estava acusado no processo Operação Marquês de crimes de corrupção, branqueamento e fraude fiscal qualificada, mas, por decisão instrutória do juiz Ivo Rosa, a 09 de maio, vai agora ser julgado em processo separado unicamente por um crime de branqueamento de capitais.
"Estamos aqui a analisar 32 páginas de um relatório de seis mil [relatório do fisco]. Isto é um pormenor", disse o inspetor tributário aos jornalistas.
Vara encontrava-se num hotel em Lisboa com Michel Canals, a quem entregava avultadas quantias de dinheiro. Estes movimentos financeiros constam, sobretudo, das informações que consta da carta rogatória da Suíça.
Armando Vara está desde 16 de janeiro de 2019 a cumprir uma pena de cinco anos de prisão no âmbito do processo Face Oculta, tendo, em finais de março de 2019, o Tribunal de Aveiro aceitado descontar os três meses e sete dias de prisão domiciliária a que Armando Vara esteve sujeito, no âmbito do inquérito da Operação Marquês, aos cinco anos de cadeia, que está atualmente a cumprir.
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