João Rendeiro toureou a Justiça portuguesa com um lance de capote, que nem sequer é surpreendente. Com os processos judiciais a sucederem-se e a hipótese de cumprimento efetivo da pena de prisão cada vez mais real, aos 69 anos, sem filhos nem laços familiares que o façam ficar, a fuga do banqueiro era um cenário previsível e lógico.
Rendeiro nasceu no seio de uma família modesta, mas desde sempre muito inteligente e atento aos pormenores foi sendo um arguido cumpridor e quando que se deslocava ao estrangeiro pedia autorização e apresentava-se às autoridades no regresso.
Com esse histórico, os magistrados foram autorizando as viagens até que neste mês de setembro, com o risco de ir para a cadeia a aproximar-se, Rendeiro decidiu não voltar. Vai ser uma réplica de João Vale e Azevedo com dinheiro para pagar a advogados em tribunais internacionais capazes de colocar em dúvida a credibilidade do funcionamento da Justiça portuguesa, o que não é matéria difícil.
Este caso reforça a ideia que a Justiça tem dois pesos e duas medidas. Impunidade para os muito ricos e castigo para os pobres pilha-galinhas.