Domingo aconteceu um terramoto político em Lisboa que muda o panorama da política portuguesa. O cenário de mexicanização com o PS hegemónico já não é credível, graças à derrota do delfim de Costa. O grande vencedor foi Carlos Moedas, mas esta vitória tão importante só foi conseguida graças à derrocada homérica de Fernando Medina.
Moedas conseguiu quase mais 3 mil votos do que a soma do CDS e PSD em 2017, enquanto Medina perdeu mais de 25 mil eleitores e a aliança com o Livre não lhe rendeu nada.
Medina confiou nas sondagens e não previu que lhe podia acontecer o mesmo que a João Soares há 20 anos. Os casos dos dados para a Rússia, as investigações judiciais na área do urbanismo, a arrogância da presidente da Junta de Arroios , o caos da Almirante Reis, os preços proibitivos da habitação que expulsam as jovens famílias da cidade, constituíram uma mistura explosiva que contribuiu para o desafeto dos eleitores.
E numa eleição em que todos os detalhes contam e numa cidade em que a tourada é o segundo espetáculo regular com mais público, depois do futebol, a ameaça às corridas no Campo Pequeno foi mais um erro de palmatória que ajudou na derrota por apenas 2294 votos.
A maioria dos aficionados da capital pode ser de direita, mas o autarca alienou milhares de eleitores do PS. Medina perdeu mais do que o poder em Lisboa, deixou de ser o delfim de Costa.