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Luciano Amaral

Apocalipse agora

A civilização industrial fez-nos ganhar, em média, meio século de vida individual.

Luciano Amaral 16 de Agosto de 2021 às 00:30
Pragas! Fogos! Cheias! Devastação! Parece que é este o estado do mundo. Tão sofisticados e afinal não nos distinguimos das comunidades escatológicas medievais, reféns de pregadores apocalípticos anunciando o fim do mundo. Como convém à sociedade pós-religiosa, a revelação não foi feita por Deus, mas pela Ciência, através do profeta Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla inglesa).


Só que o IPCC não anunciou o fim do mundo se não deixarmos de usar combustíveis fósseis. O IPCC apresentou cenários, do mais optimista ao mais pessimista, notando o carácter irrealista de ambos os extremos. Foram políticos e jornalistas que construíram a narrativa apocalíptica. O IPCC diz, de facto, que a temperatura global vai aumentar, mas moderadamente, havendo muitas oportunidades para controlar o fenómeno.

Há um ponto prévio a fazer. Contrariando as jeremiadas ao estilo de Greta Thunberg contra a civilização industrial baseada em combustíveis fósseis, temos de ver que foi essa civilização a garantir um bem-estar humano sem precedentes. Ainda há um século, a esperança média de vida em Portugal era de 36 anos: a civilização industrial fez-nos ganhar, em média, meio século de vida individual. A civilização industrial tem um custo ambiental, mas nem o custo é catastrófico nem devemos acabar com ela para o controlar.

Diz-se que o alarmismo é preciso para se fazer qualquer coisa. Mas nós não devemos fazer qualquer coisa. Devemos fazer alguma coisa, o que não é o mesmo. Veja-se o custo ambiental da electrificação da economia, com as minas de cobalto ou lítio e as centrais solares destruidoras da agricultura. Estamos a vê-lo no nosso país: lítio no Barroso ou matança de animais na Torrebela. De resto, a electrificação global levaria à exaustão do lítio antes da do petróleo. O alarmismo é garantia de precipitação irreflectida.
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