Com a tímida proximidade do Verão, e ao fim de três anos de solidão entregue à humidade dos corredores do velho casarão de granitos em Ponte de Lima, chegou a altura de levar o Senhor Dom Miguel de passeio até Braga. A tarefa está entregue à minha sobrinha Maria Luísa, a eleitora esquerdista da família, que vive em Braga e gosta de tagarelar na oficina que, há muitos anos, vigia o estado de saúde do retrato do príncipe proscrito, acomoda a tensão da moldura, limpa os vestígios de pó ou a ameaça invisível de um fungo e assegura que a corrente com que é fixado à parede permanece em ordem.