Reiterando, mais uma vez, que está disposto a usar todos os meios, talvez nem todos democráticos, para não sair da presidência do Brasil, Jair Bolsonaro afirmou na noite desta quinta-feira numa live que nem Deus o tira vivo da cadeira para a qual foi eleito em 2018. Bolsonaro, que até agora repetia insistentemente que só Deus o tiraria do poder, esta quinta-feira mudou esse bordão e especificou que, até mesmo Deus só o tira de lá se o matar.
"Realmente, alguma coisa muito errada tem estado a acontecer há muito tempo no Brasil. Só digo uma coisa: só Deus me tira da cadeira presidencial e só me tira, obviamente, se me tirar a vida", desafiou o governante.
O polémico presidente brasileiro fez a declaração horas depois de a juiza Carmen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, ter dado ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, cinco dias para explicar a razão de até agora não ter analisado nenhum dos 105 pedidos de impeachment (afastamento) de Jair Bolsonaro apresentados por entidades e cidadãos.
Bolsonaro adiantou que vai falar com Lira sobre isso, mas, novamente em tom de ameaça, como tem feito nos últimos dias, assegurou que as tentativas de o destituir não vão concretizar-se, sem explicar como faria para o impedir.
"O que estamos a ver a acontecer no Brasil (as tentativas de o afastar temporariamente ou destituir) não se vai concretizar, mas não vai mesmo. Não vai. Boa noite, fiquem tranquilos porque eu vou dormir tranquilíssimo esta noite e vamos ver o desenrolar dessa notícia do nosso Supremo Tribunal", completou Bolsonaro ao despedir-se e encerrar a live.
Além desses mais de 100 pedidos de impeachment que enfrenta na Câmara dos Deputados, Jair Bolsonaro ficou esta semana ainda mais pressionado e questionado por outros dois motivos.
No Senado, a oposição conseguiu criar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar erros e omissões do governo federal no combate à pandemia do Coronavírus, que pode atingir o chefe de Estado em cheio, e, pouco antes da live, o Supremo Tribunal Federal confirmou a anulação de todas as condenações de Lula da Silva, que, dessa forma, fica livre para disputar as presidenciais do próximo ano, a que Bolsonaro já é candidato declarado à reeleição.